domingo, 12 de octubre de 2008

SEXO VIRTUAL



A Internet causou um frenesi nos relacionamentos interpessoais na última década. Por um lado, a rede mundial de computadores facilitou a comunicação: emails, blogs, salas de bate-papo permitem que se entre em contato com pessoas de diversos países em tempo real, de um modo muito mais ágil do que era possível antigamente. Sem contar a possibilidade de se conhecer pessoas com interesses comuns. Listas de discussão e comunidades virtuais são exemplos desse meio de aproximação.



Contraditoriamente a essa sensação de proximidade com os outros, o mundo virtual também contribuiu para que as pessoas se afastassem na vida real. Se antes nós matávamos a saudade dos amigos com um encontro em um barzinho ou em uma festa qualquer, hoje nos contentamos com um "encontro" pelo messenger para pôr os assuntos em dia. A mesma coisa ocorre com as novas amizades ou transas.

Antigamente, o romance só era possível com o olho no olho. Hoje, há quem se relacione sem ao menos ter visto a pessoa - como é o seu caso. Assim é mais fácil viver "fantasias" - no meio virtual não é preciso assumir a personalidade "real". Se você é tímida e "certinha", por exemplo, pode pôr para fora o seu lado mais liberal, já que pode estar protegida sob um pseudônimo.

A ausência de vínculo dilui o receio de sofrer julgamentos, críticas ou mesmo de abalar o relacionamento. Não há por que temer alguém que você não tem nem certeza que existe, certo? Sem entraves é mais fácil extravasar: você não precisa se conter frente à preocupação de "o que ele vai pensar de mim" ou "ele vai se assustar se eu disser isso ou aquilo".

"A AUSÊNCIA DE VÍNCULO DILUI O RECEIO DE SOFRER JULGAMENTOS, CRÍTICAS OU MESMO DE ABALAR O RELACIONAMENTO. NÃO HÁ POR QUE TEMER ALGUÉM QUE VOCÊ NÃO TEM NEM CERTEZA QUE EXISTE, CERTO?"

Com o namorado real, o quadro muda completamente. Vocês provavelmente já criaram expectativas em relação ao outro e o relacionamento, sem dúvida, demanda mais esforço para sobreviver. Não basta simplesmente se encontrar eventualmente em um chat de bate-papo. É necessário contornar a rotina para não cair na mesmice; saber lidar com os defeitos e as limitações do parceiro; superar brigas, desentendimentos, ciúmes; além de manejar as cobranças que surgem pelo caminho. Ou seja: o prazer acaba sendo apenas uma parte de um todo muito mais complexo do que um encontro sexual fugaz.

Com o seu companheiro virtual, impera a fantasia. Nas suas conversas você pode dar vazão a todos os desejos reprimidos, funcionando como válvula de escape. Acontece que não dá para simplesmente colocar a realidade de lado. Você precisa encará-la e descobrir o que está barrando a possibilidade de obter prazer "ao vivo". As possibilidades são inúmeras: pode ser o desgaste do relacionamento, uma inibição sua ou a falta de sintonia com seu namorado, por exemplo. Mas só você pode descobrir. Então, aceite uma sugestão: tente trazer alguns elementos desse prazer virtual para sua vida real e "pagar para ver" o que acontece com o namorado. Não é uma opção melhor do que chutar uma relação para o alto sem nem saber onde está pisando?

"Muita gente estranha quando eu digo que estou inscrita em um site de namoro. Sei que a maioria pensa: 'Ah, coitada, teve de ir para a internet porque está encalhada'. Pois eu digo: isso é ridículo. Nunca fiquei encalhada ou sem namorado na minha vida. O que ocorre é que eu simplesmente cansei de dar tiro n'água. Cheguei a um ponto em que não tenho mais idade nem paciência para ficar contando a história da minha vida ou tentando mostrar quanto sou legal para um zé-ninguém que eu tenha conhecido em um bar. Pela internet, consigo peneirar exatamente as pessoas que procuro, que pensam como eu, que querem o mesmo que eu."
ESTHER JAGOSEHIT, executiva, 30 anos (Foto Claudio Rossi)


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